domingo, 24 de abril de 2011

As pedras no caminho de quem vai de ônibus

Rio - Coletivos malconservados e abarrotados de passageiros foram flagrados pela ‘Blitz do DIA’ na missão de acompanhar a batalha diária de quem sai da Baixada Fluminense ou da Zona Oeste do Rio e atravessa a Avenida Brasil de ônibus para trabalhar. Os problemas se repetiram em quatro viagens feitas nos dois trajetos em horário de pico: pneus carecas, bancos quebrados, ferros de apoio enferrujados, lanternas apagadas, falta de sinalização para saídas de emergência e sujeira nos carros.

A via-crúcis do designer gráfico André Luiz Rangel Moisés, 33 anos, até ‘bater ponto’ no escritório, em Bonsucesso, começa às 6h50 e nunca termina sem um puxão de orelha do chefe, porque o atraso é a única certeza no caminho. Ele embarca no primeiro ônibus, em Campinho, em Campo Grande, em direção ao centro do bairro. Lá, pega o 398 Parador (Campo Grande-Praça Tiradentes), do consórcio Santa Cruz, que parte a cada 40 minutos. No dia 7, a saída estava prevista para as 7h40, mas atrasou 20 minutos. Um entrave rotineiro na vida de André.

A viagem de duas horas é em meio a poeira, lixo pelo chão, bancos encardidos e muito calor, já que o coletivo não tem ar-condicionado. A saída de emergência no teto do ônibus poderia servir como entrada para o vento, mas estava quebrada.

O trajeto é feito em ritmo acelerado, e o motorista sobe em uma calçada, na pressa de parar num ponto de ônibus em Irajá. O corrimão em frente à porta de descida do veículo também está solto e, a cada freada, os passageiros que se apoiam quase caem.

“Alguns dias passo mais tempo dentro de ônibus do que trabalhando. O pior é que saímos limpos de casa mas, com a sujeira do ônibus, chegamos imundos ao trabalho”, contou o designer.

Quem faz o caminho entre o Centro e a Baixada Fluminense também sofre. A nutricionista Fabiana Feliz Cavalcanti, 34 anos, embarca no Terminal Américo Fontenelle, na Central do Brasil, na Linha 498 da Trans1000, com destino a Mesquita.

O ônibus, além de cheio, tem quatro lâmpadas queimadas. “Tenho medo desse ônibus. Como os pneus estão carecas, nunca sei se vou chegar bem”, revelou Fabiana


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